quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pimenta no dos outros é refresco

Poderia começar com aquele papo de tabus ou coisas do tipo, mas a proposta aqui é justamente simplificar as coisas. O assunto é sexo anal.
O mais interessante é que quando ouvimos “sexo anal”, fazemos quase de imediato uma associação com homossexualidade.  O que é uma grande besteira. Pergunte a qualquer homem, heterossexual, qual o seu grande desejo na cama com uma mulher. É bem provável que a resposta seja de pronto sexo anal, enquanto que se você perguntar a um homem, homossexual, o que ele quer na cama com outro homem, é bem provável que ele não te responda que quer sexo anal, pura e simplesmente. Então, paramos por aqui com esse preconceito descabido, e falemos de sexo anal fora da perspectiva da orientação sexual. Até porque, eu estava esquecendo de outra “modalidade” de sexo anal, o Strap on, onde um homem, heterossexual, até que se prove o contrário, é penetrado no ânus por um vibrador, preso a uma cinta, numa mulher. Além, claro, do famoso  fio terra.

Falando em fio terra...

Podemos separar o desejo/prazer pelo sexo anal em dois. Um primeiro, poderíamos dizer que está associado ao fetiche do homem brasileiro com o “bumbum”, associado ao fato de que o ânus é orifício margeado por potentes músculos, que se mantêm contraídos firmemente, conferindo a ele ser mais “apertado” que a vagina. E por se mais “apertado” a sensação de prazer acaba sendo maior no pênis durante a penetração. Neste caso estamos falando da relação sexual anal insertiva, o popularmente chamado de “ativo”. No segundo, consideremos a fisiologia a anatomia da região anal, que compartilha da mesma inervação da genitália, tanto a masculina quanto a feminina, o que a torna uma região naturalmente erógena, excitável, para ambos os sexos. Aqui estamos falando de ter prazer no ânus, o que ocorre no sexo anal receptivo, ou comumente denominado de “passivo”.
Temos outras questões importantes quanto ao sexo anal, no que se refere a saúde. Como falamos em fisiologia, sabemos muito bem que a função do ânus é eliminação das fezes, que ficam, até segunda, ordem no reto (ampola retal). Isso significa que para uma relação sexual saudável, é indispensável a higiene anal, também conhecidos como enema ou clister. Não preciso nem dizer que o uso da camisinha é imprescindível!  Principalmente porque o sexo anal desprotegido, há 18 vezes mais chances de transmitir o vírus HIV, por exemplo, do que o sexo vaginal sem camisinha. Só lembrando, que o vírus da AIDS, não está relacionado ao sexo, orientação sexual, cor, idade ou classe social, mas sim a um comportamento de risco, que é transar sem camisinha.
Uma última questão com relação ao sexo anal é afirmar que, quem se dispõem a ser receptivo, tende a ter alguma disfunção anorretal, como por exemplo, a incontinência gasosa e/ou fecal (perda involuntária de flatos e/ou fezes, respectivamente), “rachaduras” na margem anal  (fissura anal) e inflamação do tendão do músculo do ânus (tendinite do levantador do ânus). Estes são mitos, mas em parte. Há estudos que mostram que uma alta freqüência de relação sexual anal receptiva, ou seja, sendo passivo, podem ocorrer algumas destas disfunções anorretais.
Nesta última questão temos duas soluções. Uma saber que ao contrário do que se diz o ditado, pimenta no “olho” do outro não é refresco não. Todo cuidado e tato, ao insertivo na hora da penetração, na relação sexual anal são indispensáveis. E outra, é ao receptivo (a), aprender a relaxar adequadamente a musculatura anal, bem como fortalecer essa mesma musculatura, pois músculos flexíveis e fortes tendem a se lesionar menos. Não esquecendo que a dor, é o primeiro sinal que as coisas não vão bem, por isso, lubrificantes que contenham analgésicos não são indicados, pois podem “mascarar” sinalização de que algo está errado.